Para inspirar a vida nada melhor do que um poema de um homem apaixonado, trago para vocês a obra de um poeta gaúcho, este poema está contido nas páginas do livro Para Onde Vai o Amor?, uma obra belíssima, que nos faz refletir sobre a banalização do amor nos dias atuais e a falta de emoção em um "eu te amo".
Carpinejar descreve o amor brando, paixões violetas que deixam cicatrizes profundas, fala do amor cotidiano, daquele amor verdadeiro que faz você ficar ao lado da pessoa em qualquer situação, que faz valer a promessa na saúde ou na doença, na tristeza ou alegria, até que o fim do amor os separem.Sem deixar de lado o bom humor, Carpinejar faz cronicas sobre o amor e suas mazelas, descreve poeticamente a rotina dos apaixonados. Como é bom ler sobre namoricos de verão e rir das tolices dos enamorados.
A leitura desse livro vai trazer leveza ao seu dia, espero que gostem e fica a dica, apreciem o poema!
SOU SEU HOMEM
Se fosse somente um abraço, ainda seria um beijo.
Se fosse somente um abraço, ainda seria sexo.
Se fosse somente um abraço, ainda seria namoro.
Você me abraçou como quem escreve uma carta, puxou meu casaco como um envelope cinza e somente avisou:
- Para ler depois.
Estou lendo seu calor até hoje.
Você me abraçou usando nos braços a força de suas pernas.
Você me abraçou cheirando o meu pescoço.
Você me abraçou me viciando em seus cabelos.
Você me abraçou soletrando seu nome em meus ouvidos.
Você me abraçou me convidando a nunca soltá-la.
Você me desafiou, você afinou meus ombros, você afiou minha boca.
Você me abraçou enganchando seu vestido em meus botões.
Você me abraçou desejando que eu voltasse a abraçá-la.
Você me abraçou para me marcar com seu perfume, dizendo que seria seu homem.
Você me abraçou roçando minha barba, irritando sua pele branca e macia.
Você me abraçou cheia de culpa por já ser amor antes do abraço.
Você me abraçou antecipando o perdão.
Você me abraçou e ofereceu a cintura para subir aos seios.
Você me abraçou levantando os dois pés para espiar o futuro, onde ainda estaríamos abraçados.
Fabrício Carpinejar
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